Há semanas venho ensaiando um post e até agora não consegui parar para escrevê-lo. Falta tempo, falta foco, falta coesão nas frases, mas, na verdade, o que falta mesmo é tempo. Quem convive comigo tem ouvido ultimamente como o meu lado materno tem aflorado, mas nesses dias de correria penso "não, acho que ainda não dou conta".
No fim de semana encontrei uma amiga de faculdade que teve baby esses tempos atrás e recentemente voltou a trabalhar. Perguntei "e como vão as coisas? Sobrevivendo?", ela só afirmou "exatamente isso, sobrevivendo".
Olha.. quero deixar aqui a minha admiração às mães e aos meus colegas de trabalho que estão no perrengue diário e ainda chegam em casa e precisam rebolar pra cuidar da cria. Imagino que é só o pimpolho (a) abrir um sorriso que a energia recarrega, mas olha.. não deve ser brinquedo.
E ao contrário do que possam pensar, não, não estou reclamando do meu emprego. Acho que nunca me senti tão realizada profissionalmente. É correria, é afobação, mas dá orgulho. De verdade. Dá orgulho de trabalhar com gente que dá o sangue junto com você, que rala junto com você e que não faz corpo mole. Já trabalhei com muita gente que é só mimimi e muito ego. Ali a coisa funciona de outro jeito e o cansaço no fim do dia compensa. E isso me faz chegar ao assunto que queria: realização profissional.
Quando eu era mais nova me via veterinária. Quem me conhece sabe que sou a louca dos bichos, mas com o tempo vi que o amor era demais, mas o estômago pra coisa era de menos. Ou seja, eu ia morrer de fome (porque ia acolher tudo quanto é bicho) e não sei se aguentaria ver muito bicho estrupiado.
Eis que no Ensino Médio tive excelentes professores de português, redação e literatura (gratidão eterna a eles!) que incentivavam à leitura e nos motivavam sempre. Ali me apaixonei pelos livros, pela escrita e então, cogitei jornalismo. Mas o glamour da Publicidade me fisgou e pensei em fazer. Passei para os dois cursos e optei pela Publicidade.
Bem, quem conhece o mercado publicitário de Campo Grande sabe que ele não é nada glamouroso. Que me perdoem os colegas de profissão, mas a maioria é bem acomodada. Não é nada unida, não corre atrás de melhorias, não busca cursos e crescimento. O mercado não valoriza? Não, mas quem disse que você precisa esperar o outro para melhorar a si mesmo?
Trabalhei 5 anos em agências, mudando de galho em galho e como eu me sentia cansada. Não de muito trabalho, mas da mesmice em si. Do ego inflado dos donos de agência, do cliente que tem sempre razão. Eu também havia me acomodado, me deixado levar pela maré. Então saí (saíram comigo, mas na realidade eu agradeço demais por isso).
Nos últimos 3 anos (tenho 7 de formada) busquei mudar. Fiz cursos, comecei uma pós (mesmo que não tenha me acrescentado muita coisa), troquei experiência, fui home office. Aprendi, ralei, tomei na cara, mas cresci demais. Como profissional, mas principalmente como pessoa. Tenho certeza que se hoje sou uma pessoa/profissional mais equilibrada no meu trabalho, tenho certeza que foi graças aos frutos que colhi nesses 3 anos de experiências. Trabalhar como home office não tem nada de moleza.
Você precisa de horários, de planejamento, de tempo. Para você, para o seu trabalho, para fazer funcionar. E isso tudo porque é só você que tem o poder de fazer as coisas darem certo. Ganhei e perdi clientes, mas penso sempre que apesar de toda dificuldade eu ganhei sempre. Ganhei experiência, oportunidade de crescimento, oportunidade de me conhecer, de me descobrir.
Ainda tenho pessoas que me indicam (para desenvolver trabalho de mídias sociais) e outros que me procuram para outros trabalhos (freela de redação, assessoria de comunicação, naming). E eu sei que tudo isso conquistei graças ao meu esforço, a minha dedicação. Sempre que alguém me procura pra algum trabalho uma vozinha dentro de mim diz "valeu, garota!".
Não sou um Washington Olivetto, muito menos um Nizan Guanaes. Não ganhei Prêmio Morena de Criação Publicitária, nem nada do gênero. Mas fazer aquela análise pessoal hoje e ter orgulho de si mesmo, já é um baita prêmio.
Deixei de ser home office há alguns meses. Pela situação financeira das empresas perdi muito cliente. O desespero bateu e corri atrás de outra oportunidade, isso ainda no ano passado. Agraciada por Deus fui, pois passei num processo seletivo bastante disputado (as agências locais estavam mandando muita gente embora, então muita gente participou do mesmo processo) e comecei a trabalhar em uma excelente empresa. É corrido, mas conheci pessoas incríveis aqui. Pessoas dispostas a trabalhar em equipe e que se importam um com o outro e isso faz uma diferença danada no nosso dia a dia.
A gente sempre pode crescer, (re) aprender. Se estamos confortáveis onde estamos, estranhe. Isso se chama comodismo. Aquela sensação de desconforto é que faz a gente andar pra frente. Ela não me agrada, mas é ela que me move. E o cansaço no fim do dia, passa batido depois de mais um trabalho entregue. Me sinto gente grande de verdade.
Hoje posso dizer que me encontrei: como pessoa porque evito pessoas e situações que me desagradam. Enfrento apenas aqueles que são extremamente essenciais! E me encontrei como profissional: porque faço o que gosto e acordo todos os dias com a certeza de que estou onde quero estar.
E você? Já chegou onde gostaria? Não deseje, faça acontecer. Apenas isso. :)
Nenhum comentário:
Postar um comentário