domingo, 2 de abril de 2017

Roubaram minha segurança

No último dia de um dos meses que eu mais gosto do ano, assaltaram nossa casa. Não levaram muita coisa, mas fez um estrago danado na gente. Não, graças a Deus não estávamos em casa. O estrago é emocional mesmo. O sentimento de impotência, de medo, de insegurança onde você devia se sentir seguro.
Em 30 anos nunca me roubaram um celular, então eu nunca soube como era esse poço de sentimentos ruins e que te invadem sem pedir permissão.
Meu primeiro pensamento quando meu marido me ligou foi "meus bichos". Sai correndo do trabalho até em casa pra ver se todos estavam bem e se estavam em casa. Como arrombaram porta e portão, eles poderiam ter saído. 
Com a graça divina todos estavam bem, mas até no olhar deles dá pra ver o medo. Tenho um gato muito medroso e, nesses dois últimos dias, tenho visto ele ainda mais medroso. Passa grande parte do tempo escondido. Na sexta-feira, quando cheguei para procurá-los, até o meu gato mais sociável estava assustado embaixo da cama. Me dá um nó na garganta vê-los assim. Pra mim, eles são meus filhos. 
Nesses dois dias que passaram, tem momentos que dá uma tristeza tão grande que não consigo controlar as lágrimas. Choro baixinho pra aliviar o sentimento ruim.



Tento não me deixar invadir, mas tem horas que é mais forte. Apesar de tudo, sou grata por estarmos todos bem (marido, gatos e cachorro) e procuro evitar o sentimento de raiva, ódio. De desejar o mal a quem tenha feito isso. O mal não se paga com o mal, então procuro evitar qualquer pensamento que me ligue a eles. Até quando fico chateada pelas coisas que roubaram. 
Meu, levaram um colar e pulseira que comprei no começo no ano e terminei de pagar agora :(. Também levaram um anel que eu amava, 3 perfumes, dois brincos e um colar de zircônia. Além disso, duas TVs.
TV, porta e portão o seguro cobre. Minhas coisas não. Tento não me chatear tanto e pensar que quando puder, (e já tiver mudado de casa) compro novamente.
Sim, queremos mudar. A localização da casa é ótima, mas a insegurança é maior. Só meu marido já foi assaltado 3 vezes aqui. Se eu que fui apenas 1 e já quero mudar, imaginem ele.
No mesmo dia, mais tarde, também assaltaram a casa de um casal de amigos. O prejuízo deles foi maior. Fazendo o BO descobrimos outras casas assaltadas. Há algumas semanas renderam um colega de trabalho e sua família ainda cedo. É assalto atrás de assalto e em todos o mesmo sentimento: medo, impotência, insegurança. E fica a dúvida: até quando? 
Até quando pagaremos impostos altíssimos, mas ainda precisaremos pagar alarme, seguro de casa, gastar mais para ter a casa mais segura? 
Até quando sairemos de casa com o receio de que a qualquer momento o celular pode tocar com alguém dizendo que invadiram sua casa?
Até quando faltará segurança, saúde, educação, infraestrutura e todas as outras coisas que faltam? A cada dia uma nova tramoia, mais dinheiro nos bolsos públicos e menos de resultado pra população.
Não é PT, PMDB, PP, PSDB e sei lá quantos mil partidos existem. O pior é saber que se (SE!) pegarem os ladrões (os que assaltaram minha casa ou os políticos mesmo) não ficam muito tempo presos. É deprimente! 
E fazemos o que? Seguimos com fé, fazendo o que está ao nosso alcance pra ver se melhora. Eles estão protegidos. Nós, nenhum pouco!
Amanhã vou ter que arranjar forças pra ir trabalhar com fé em Deus de que poderei chegar em casa no fim do dia sem nenhuma ligação que me assuste ao longo da segunda-feira. E assim será na terça, quarta, quinta, sexta, sábado e domingo. E na outra semana de novo. E de novo. E de novo. E sempre.
Não queria que fosse assim. Nem pra mim nem pra ninguém. Mas é como vejo. E olha que ainda tento ser positiva, mas não é fácil.
Como eu já disse pra quem me perguntou como estamos, dos males o menor. Estamos bem, mas com a cabeça a mil. Com o coração em frangalhos. Me resta ter fé e rezar pra esse sentimento passar logo. 
Que abril nos traga o pote de ouro no fim do arco íris pra podermos nos mudar logo. Sonhos ninguém roubam e não pagamos por eles não é mesmo? Então... deixa eu sonhar. 
Ah... não contei tudo isso pra me mostrar vítima (apesar de todos sermos). Escrevi apenas pra aliviar o nó na garganta.