quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sobre os 30, a velha e a moça

Nesses meus (não tão) longos 29 anos de vida já deu pra viver um bocado e posso dizer com toda certeza, que nunca me senti tão plena e realizada. Queria um parâmetro de comparação, mas acho que não tem.
Comparar com adolescência não dá, porque né... Quem, hoje em dia, em sã consciência, acha que era tudo aquilo que pensava quando adolescente? Recém-formado é tudo farra. Ou seja.. cerveja. Clichê, mas é exatamente isso. Foi depois dos 25 anos que fui me encontrando, tudo foi se encaixando e na beirada dos 30, parece que tudo faz sentido.
Tava lendo um texto que falava justamente sobre isso. Sobre as libertações dos 30. A gente aprende a lidar com os problemas com mais maturidade e encarar as chatices com menos “mimimi” (e olha que pisciano adora um drama, adora um mimimi).
Estar acima do peso é chato, mas não é o fim do mundo. O cabelo tá rebelde? Prende. A amiga tá chata? Ignora. Tá com roupa demais? Desapega. A família tá reclamona? Você tenta acalmar os ânimos e se ninguém te dá moral... bem, fazer o que né? Estuda porque gosta. Lê um livro porque é apaixonada por leitura.
Julga menos. Aceita mais. Engole alguns sapos e tá tudo bem. Briga e sabe reconhecer um erro. Pede desculpas. Acorda de mau humor e aprende a ficar na sua. Chora de felicidade e ri de desespero. Sonha. Planeja. Se sente a pessoa mais feliz do mundo quando consegue realizar.
Você aprende a ouvir e a falar só o necessário. Faz a unha porque gosta, não porque precisa. Come iogurte e coisas integrais porque faz bem pra saúde. Mas também como uma barra inteira de chocolate pra curar  a TPM. Ficar forever sedentária está fora de cogitação. Se arruma quando quer e porque quer. Pouco importa se alguém vai te olhar torto porque tá de All Star. Faz as coisas por você e não pelos outros.

Mas sabe, também começam as manias da idade. Sai apagando as luzes porque fica incomodada com tudo aceso. Arruma a casa porque faz um bem danado ver ela ajeitadinha. Tenta cuidar de planta. Não consegue. Tenta de novo. E de novo. Ad eternum essa luta!
Gosta de receber as pessoas em casa e sair menos pra barzinho. Acorda cedo no sábado ou no domingo pra curtir mais o dia. Vê seus pais com outros olhos. Vê sua realização pessoal e profissional com outros olhos. E tudo o que parecia um caos quando eu tinha 17 anos, começa a fazer sentido.
Já ouvi dizer, de mais de uma pessoa, que eu sou uma esponja. Absorvo tudo. Tristeza, felicidades, ansiedades. Isso eu não senti muita diferença. Continuo sendo tipo o Bob. O que tenho tentado mudar é me afastar de quem vive num poço sem fundo, num mar de lamúria. E olha... tem sido a melhor coisa que tenho feito por mim. Me vejo em primeiro lugar e isso não é egoísmo algum. É amor próprio.
Se eu pudesse voltar no tempo, diria pro meu eu mais novo ser menos afobada, menos ansiosa, menos medrosa. Porque ela vai conseguir. Vai dar medo? Vai! Mas você vai meter a cara, vai cair e vai aprender. Vai descobrir que aprender é o que importa.
Vai ter amigos e colegas, e algum deles você vai querer pra sempre por perto (mesmo longe). E vão ter outros que você vai achar que é seu amigo-irmão, mas foi só naquela época.
Que o tempo é ela quem decide, porque ele é infinito. Porque não tem idade pra estudar, pra trabalhar, pra reconhecer e se conhecer.
Que a beleza vem com a maturidade. Vem em forma de aceitação. De se olhar, se sentir feliz com o que vê, com o que faz. Que viver no mundo do Peter Pan deve ser chato e que ficar mais velho é gostoso.


E se eu pudesse viajar no futuro, quero dizer pro meu eu idoso pra não perder a fé nas pessoas, mesmo aquelas que te decepcionam. Pra não perder a alegria em comemorar aniversários. Pra ser menos rabugenta e mais sorrisos. Pra ser feliz, a toda hora e a todo lugar. Pra viajar muito. Conhecer novos lugares e pessoas. Pra anotar as coisas, porque a cabeça não funciona mais como antes.


Poderia falar mais um punhado de coisa, mas acho que vou deixar isso pra outra hora. Porque tem coisa demais pra viver e aprender por agora.
E você? O que diria pro seu eu mais novo e o seu eu mais velho? 
PS: sei que tem muita gente que não gosta de Los Hermanos, mas tem uma música deles que diz justamente sobre o que dizer para o eu mais novo e o eu mais velho. Chama "O Velho e o Moço". Pra mim, ela representa tudo isso que eu escrevi. Se não vale a pena ouvir, vale a pena ler a letra. ;)


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Sobre a maternidade

Eu não sou mãe e não... não estou grávida. Só quero expressar algumas ideias e sentimentos sobre (mesmo sem ter nenhum conhecimento de causa). Gravidez é algo que acompanha a mulher por quase toda sua vida, mesmo sendo algo que ela não queira. Foi o meu caso por um tempo, mas não foi sempre assim.
Não tenho muito jeito com crianças, mas quando eu era mais nova eu até tinha. Lembro que no Ensino Médio uma professora tinha uma filha de uns 3 ou 4 anos (não lembro muito bem) e em uma visita à casa dela fiquei amiga de sua filha. Desde então trocávamos cartinhas. Diziam que eu realmente parecia criança quando escrevia para ela e bem, eu me sentia assim.
Nessa mesma época eu pensava em casar aos 23/24 anos e que engravidaria aos 26/27 anos. No meio do caminho mudei de ideia sobre tudo isso e cá estou: casei com 26, estou beirando os 30 e ainda não estou grávida.
Desde que me casei nunca me senti, nem me vi mãe. A não ser mãe de gato e cachorro. <3


PS: meus gatos são órfãos de pai, pois o Marcel fala que não é pai deles. É dono. ¬¬ 
PS 2: pelo menos eles têm mãe e avó. Sempre que minha mãe chega na minha casa ela fala pros meus gatos "vovó chegou!". hahahaha... Me divirto horrores com isso! 
PS 3: Marcel discorda da legenda da foto. hhahaha
E me sentia bem com a ideia de talvez não ser mãe, de parir um ser. Mas confesso que nos últimos meses tenho planejado.


Leia-se: eu quero muito, o marido já aceita a ideia, mas quanto mais ele puder adiar, ele adiará.
Antes quando via criança queria correr pro lado oposto. Interagia discretamente, mas nada de ficar eufórica quando via um bebê ou alguma amiga engravidava. Claro que ficava emocionada por elas, mas não ao ponto de querer ter um.
Acho que parte do meu medo é ser muito parecida com minha mãe. Quem a conhece sabe como ela é brava (na realidade ela já melhorou muito!) e por algumas surras e cobranças cresci com alguns traumas. Sem dúvida, minha mãe sempre fez o que pôde por mim e pela minha irmã e sou muito grata por tudo isso. Parte dos meus medos e inseguranças vêm daí, mas com certeza parte da mãezona que habita em mim, vem dela.
Hoje o meu lado mãe já floresce. Quando vejo algum bebê ou criança, já bate aquela vontadezinha e fico imaginando um mundo com um mini Marcel ou uma mini Stéphane (não, não darei nomes complicados para os filhos).



Mas antes dessa vontade aparecer, eu queria apenas fugir desse universo materno e me via apenas mãe de bicho. E pra mim bastava. Meus pais me conhecem tão bem que nunca fizeram aquela cobrança chata "e quando vem meu neto?". Ou talvez nunca fizeram porque já têm a minha sobrinha e isso bastava para eles. Na realidade, acho que foi um pouco dos dois.
Em contrapartida, a família do Marcel não é a mesma coisa. Filho mais velho, primeiro a casar. Sem netos para os pais (pai e padrasto).
PS: ao contrário do que possa parecer não é um casal homossexual. ahahha
PS 2: mas se fosse o caso, não teria problema algum!
Ou seja, toda a cobrança em cima dele. Acho que desde que saímos do casamento (brinks! Mas foi algo próximo a isso) algum dos dois começou a cobrar. "Todos os meus amigos já são avós!".
Bem... que bom pra eles!
Sinceramente, eu fico pensando se junto com a cobrança, vem aquela mão amiga para dar uma ajuda quando precisarmos. Seja uma noite para irmos numa festa ou um almoço no domingo em família, ou simplesmente uma mão em trocar a fralda. Posso estar julgando mal e errado, mas acredito que no fim das contas, na hora que o cerco fechar, seremos apenas eu e o Marcel.
Não tenho filho, mas imagino a dificuldade que seja ter um. Escolinha custa uma fortuna (sei por causa dos amigos) e você precisa aprender a lidar com um novo mundo. Fora a vida que você deixa de ter pra dar o seu melhor a ele (a). Adeus vestidos, adeus viagens a qualquer hora, adeus barzinhos e muito mais. Sim, eu sei que soa egoísta, mas conheço muitas mulheres que pensam assim.
Vale tudo a pena? Imagino que vale, mas acho que se você pode se planejar, se preparar psicologicamente, financeiramente e tudo mais para receber uma criança da melhor maneira possível... bem, eu prefiro assim.
E os medos? Como educar? Como criar? Será que vou ser superprotetora, muito conservadora? Será que vou criar um ser humano legal pro mundo? Será que vou passar os valores certos? Será que vou traumatizar a criança? Será que vou saber se vai fazer frio ou não pra falar que tem que levar o casaco? E se eu perder o emprego ou se o Marcel perder? Será que vou alimentar ele (a) direito? Não pode refri, não pode doce, mas eu AMO doce e preciso dar o exemplo. Pode? Não, não pode.
Medo, medo, medo, vários tipos de medo.
Ouvi uma amiga dizer uma vez "você nunca vai estar pronta. Quando a vontade superar o medo, essa é a hora". Bem... ainda tenho medo, mas a vontade tá ali no páreo, quase empatando o jogo.


Enquanto isso vamos apenas imaginando. O texto continua numa outra oportunidade.